As montanhas geladas recebiam da deusa lua seu clarão em forma de abraço, nas entranhas de cada fenda a luz mergulhava de mansinho, convidando cada vida a sair do esconderijo e tomar um banho de claridade. Os pequenos blocos de gelo pendurado nos galhos das árvores tremiam com o assopro do vendo, mas faziam um esforço sobrenatural para ficarem nas alturas, para eles a lua era uma divindade e ser reverenciada.
Naquele momento mágico a terra agradecia a lua por visitar as montanhas geladas, e fazer com que seu manto branco se estendesse dando vida a noite. O vento assobiava um velha canção ouvida por todos que amam o encanto dos segredos.
Um lobo com seus olhos fixos no firmamento, parece conversar com seus ancestrais nas estreles. Ele sabe que todas as raças se transformam, e que acima de qualquer teoria ou pensamento, a vida voa nas asas da liberdade. De repente um gigante emerge das montanhas geladas, ergue os braços em direção a lua e depois curva-se em reverência.
Alguns pássaros noturnos deslisam nas corretes de ar e cantam baixinho, talvez não queiram quebrar o mágico silêncio que existe. O vento frio e a luz gelada da lua parece um casal apaixonado, percorrem todos os cantos de mãos dadas, e as vezes abraçados pela magia da existência.
As montanhas geladas estão em estado de graça, a vida não depende da humanidade, o universo alheio aos desejos humanos cuidam carinhosamente e cada espírito, e permite que cada pessoa acredite no que quiser, mas ele decide sem sofrer interferências, e com amor e sabedoria destina cada alma aos seus universos de paz.
Se alguém projetar sofríveis além das estrelas, precisa conhecer as montanhas geladas da alma, onde a paz será um lar sem invasões, e muito menos desigual.
A.L.Bezerra