Contam que em um mundo bem distante e por motivos desconhecidos, as tribos entristeceram. Até as crianças perderam a vontade de brincar, é como se uma maldição tivesse se apoderado dos vilarejos, e não existisse mais solução para aquela tristeza. Uma anciã avisou que iria a procura de uma cura, não quis companhia, e muito menos que alguém fizesse tal sacrifício.
Andando dentro da floresta encontrou um estranho homem de lata, já havia visto tantas na vida que nem se admirou. Aproximando-se do estranho, fez de uma prece de proteção e pediu ajuda em voz alta, mas ele nem olhou para ela, aproximou-se mais ainda viu duas gotas de orvalho em seus olhos. Ela o abraçou e enxugou o orvalho com um beijo. O estranho olhou para com os olhos vermelhos e disse: Por favor volte para o seu povo que eu vou buscar ajuda.
Na primeira lua cheia do mês seguinte uma nave pousou em meio as cabanas, passava da meia noite e todos já estavam dormindo. O homem de lata saiu da nave com dezenas de palhaços e os colocou na frente das casinhas cobertas de palhas. Todos fantasiados do Chaplin representando os seus mais diversos personagens de seus tantos filmes, o vagabundo, vida de cachorro, o garoto, pastor de almas, luzes da cidade, e muitos outros. Uma faixa gigantesca colada na nave com uma de sua frases famosas. (A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe).
E mesmo sem nenhum nativo souber quem era Carlitos, como ele renasceu a alegria. As crianças riam tanto que rolavam pelo chão, os adultos, alguns chegaram até esquecer as dores que lhes acompanhavam a muito tempo, a nave da alegria passou na tribo só uma dia, precisou viajar para outros lugares do mundo para diminuir a tristeza, fazer com que por algum momento as pessoas pudessem rir da comédia que é a vida.
E todos nós podemos ser palhaços por um dia e levar um sorriso para quem só encontra motivos para as lágrimas. Eu sou um palhaço anônimo, e com mímicas, caretas, e histórias, já colhi milhares de sorrisos de crianças e adultos. E de fazer tantas palhaçadas, já aprendi até sorrir dá própria dor.
A.L.Bezerra