Administradores do mundo é o que não falta. nele cada um com uma ideia renovadora e espetacular. Isso é a cara do desespero em que vivemos, não sabemos administrar nosso próprio mundo, mas criticamos a diversidade de escolhas da humanidade, lógico, com raríssimas e poucas pessoas que aparentemente são normais. Em um trecho do conto o reformador do mundo de Malba Tahan fica bem claro o nosso senso crítico e desprovido de sabedoria.
Malba conta que uns trabalhadores descansavam à sombra de um pé de jaboticaba, uma árvore que cresce em média quinze metros, um deles olhou para cima admirando a árvore, e ao olhar em redor viu um pé de abóbora com frutos gigantes. Então ele comentou: Deus fez o mundo muito mal feito, essa árvore tão grande com os frutos pequenos, e esse pé de abóbora com os galhos tão finos, e frutos enormes.
Instantes depois caiu uma jaboticaba na testa dele, o amigo que estava ao lado riu, e ele imediatamente comentou: É, até que o mundo está bem feito. Isso significa a nossa visão míope do mundo, e da vida também. Administrar nossa própria vida a qual deveríamos conhecer não é nada fácil, imaginem controlar esse mundão louco, pensem nisso.
Em meio a tantas diferenças e indiferenças um de nós estará perdido na multidão, não por querer, e sim porque somos todos humanos e desumanos algumas vezes, desconhecidos iguais a um romance que ninguém leu, desconhecidos e desconhecedores, portanto antes de tentar administrar a vida alheia, foca a sua e veja se a conhece. Se por acaso a gente descobrir que estamos no deserto, não vamos nos desesperar, um dia a chuva vai cair e as sementes vão brotar.
A necessidade de ver cada um dos nossos desertos, e caminhar por eles na esperança de encontrar um oásis, é algo fundamental para mostrar o quanto somos resistentes. O calor dos desertos as vezes ainda são mais suportáveis no corpo do que no espírito, corpo e alma se alimenta de resiliência e esperança, e as profundidades dos abismos estão relacionadas aos medos e desistências.
Sempre lembrando que parar não significa desistir, por muitas ocasiões somos forçados a decisões questionadas ou censuradas, mais ninguém além de nós mesmos sabe os verdadeiros motivos por tais decisões. E o que é mais na maioria das pessoas, é exatamente fazer afirmações sem o devido conhecimento da causa. O imensurável mundo das interpretações em alguns casos falam de fraqueza, quando na verdade havia uma fortaleza. Isso não causa nenhum assombro, desconforto sim, quando o silêncio é substituído por opiniões próprias e sem nenhum fundamento de certeza, portanto o silêncio é aliado do tempo, eles sabem os porquês.
A.L.Bezerra