30 de jan. de 2023
Contos e Encantos: Helena e a Fada das Letras
Helena e a Fada das Letras
Era uma vez em um lugar bem distante por entre os penhascos de uma serra verdejante, morava uma comunidade muito pobre, vivendo apenas da lavoura e da caça sem muitas expectativas de melhoras. No entanto o sonho de cada pai de família era deixar de herança para os filhos, o conhecimento, sabiam que seca ou inundações jamais destruíam tal patrimônio. Em casinha de barro funcionava uma escolinha, as meninas com seus vestidos de chita, e os meninos calça de tergal azul e camisas brancas. A maioria calçavam congas ou havaianas, e mesmo com toda simplicidade a alegria era contagiante.
Helena, uma das alunas, tinha dificuldade de ler. Os pais nem pensavam em levar a um oftalmologista porque não tinham recursos para comprar o óculos, mesmo assim era uma das mais entusiásticas da classe, até mesmo quando os colegas riam de sua lentidão ao ler, ela dava uma paradinha e ria, imaginava que os risos não fossem de deboche. Todas as sextas-feiras era escolhido um aluno(a) para ler um conto e depois representá-lo em um palco improvisado. Aquela menininha de pela branca, cabelos negros e cortados rente a testa, foi crescendo, e deixou de rir com os risos dos colegas. Começou a entender que não tinha a menor graça em relação ao problema que ela tinha na visão, poderia ser qualquer, não era motivo de zombarias.
Uma noite em seu humilde quarto, o claro da lua penetrou e clareou parte do seu rosto, deitada em uma redinha de lona nas cores branca e azul, ela inclinou-se e através do clarão conseguiu ver a lua, olhando-a fixamente ela falou: Minha deusa, sexta-feira o Pedrinho leu um conto sobre uma fada Zuculina, e disse que ela viaja o mundo, entra em nos sonhos para ajudar, amanhã será o meu dia de fazer a leitura. Será que a Zuculina mora aí com você? Se morar, peça pra ela me visitar, preciso muito de ajuda.
No dia seguinte ao pegar os livros para ir a escola, pediu ajuda novamente a ajuda da fada. Na segunda parte da aula ela foi chamada para ler um conto, alo levantar-se, olharam para ela e começaram a falar a meia boca. A professora perguntou qual conto ela havia escolhido.
-Vou ler e representar O Patinho Feio, muitos riram e a professora pediu silêncio.
Ao abrir o livro, uma grande surpresa. Letras enormes, coloridas e brilhantes, Helena falou baixinho, que alegria, as fadas existem de verdade. Começou a leitura com uma desenvoltura impressionante, a voz serena e firma, ao terminar a classe inteira levantou-se e aplaudiu fervorosamente. Olhavam-se entre si, sem entender o porque de uma mudança tão repentina.
Ela subiu ao palco e quando olhou para a classe, viu apenas os personagens do conto O Patinho Feio, mergulhou no mundo da fantasia e fez uma apresentação fantástica. A professora perguntou se ela podia explicar o que havia acontecido com ela para que pudesse justificar a transformação em sua leitura e apresentação. E ela falou: Quero fazer um agradecimento especial ao Pedrinho, sobre o conto da fada Zuculina, ela está aqui e me ajudou. Quer também ajudar vocês, começando com um pedido: Não julgar os outros pela aparência, mesmo porque o amor não está na beleza, a verdadeira beleza é o amor.
A.L.Bezerra
28 de jan. de 2023
Contos e Encantos: No Fundo do Mar
No Fundo do Mar
Era uma vez, houve um tempo em que quando essas palavras eram pronunciadas, as crianças corriam para os terreiros, se agrupavam e de olhos arregalados esperavam a estória. Uma menina começou a contar um conto, espere um pouquinho, uma menina contando uma estória? Geralmente elas são contadas pelos adultos, mas os tempos mudaram, e a fantasia se faz presente em todas as pessoas que a procura.
E ela começou, vou contar uma história sobre o que eu vi hoje, um grande lobo próximo a árvore de uma lagoa, eu falei com ele e perguntei de onde ele veio, ele respondeu que está percorrendo o mundo até encontrar quem o leve ao fundo do mar. e eu disse que no fundo do mar ele iria morrer, isso é um assunto muito pessoal, e que a moça das águas dará um tesouro a quem me levar até a ela.
É um sacrifício que vale a pena, ela vai precisar só dos meus olhos, mas antes do sacrifício vou ficar frente a frente com a moça das águas, e contar a ela um segredo. Uma vez lutei para defender uma divindade, e devido a minha lealdade ganhei de presente duas estrelinhas e foram colocadas em meus olhos, mas elas pertencem a moça das águas.
Um caçador que estava ouvindo o relato da menina, perguntou: Qual a aparência desse lobo? E ela respondeu, tinha uns três metro de altura, andava sem machucar as folhas, olhos brilhante , voz calma, e parecia feliz mesmo sabendo que seria sacrificado, não estava preocupado com isso. Alto, e de voz suave, parecia até que tinha gelo em sua voz, frio como o orvalho da madrugada, e brilhante igual a estrela da manhã.
O homem sorriu e disse: Você é uma escolhida e fala a verdade, procuro esse lobo a milhares de anos e não sabia que ele estava tão perto, as crianças o olharam assustadas e ele desapareceu. Quando todos voltaram aos seus lares sem saber quem era aquele homem, e como ele apareceu tão de repente, principalmente o interesse pela a história que a amiga tinha contado, foi o que mais aumentou a curiosidade sobre ele.
No dia seguinte a menina correu até a árvore da lagoa, na esperança de encontrar o lobo novamente, sentou-se e resolveu esperar. Depois de alguns minutos começou a sentir muito frio, sabia que ele estava se aproximando, quando uma mão gelada segurou seu ombro, ela quis gritar mas a voz não saiu, falaram baixinho ao ouvido dela, ele está certo, foi é a escolhida. Estou invisível, e o caçador também, vou colocar as duas estrelas nos seus olhos, finja que está chorando, lave o rosto e mergulhe na lagoa, ela também está me aguardando, e quando você mergulhar ela pega as duas estrelas.
Ao mergulhar, ela abriu os olhos e ficou encantada com tanta beleza, uma linda moça trajando um vestido longo e azul, pegou as suas mão e disse: Vamos fazer um passeio no fundo do mar? Essa lagoa sempre foi um portal para o meu mundo, e você trouxe o que eu preciso, as estrelas da paz, e o equilíbrio entre o mundo humano e o mundo mágico da felicidade.
A menina segurava nos ombros da moça das águas, e ela com uma estrela em cada mão, por onde passava coloria e clareava tudo. O fundo do mar parecia uma grande lanterna. A velocidade aumentou, e mergulharam nas profundezas oceânicas até chegarem a um grande buraco azul, a moça disse que ali estava guardado todos os segredos das águas, e que os homens jamais entraram lá, por não terem os corações purificados.
O lobo está lá dentro, quando abdicou das estrelas que o guiavam, ele quebrou o encanto entre a terra e o mar, e seu amor o levou direto para o coração das águas. O caçador estava desesperado, não recuperou as estrelas que o levaria para aquele lugar, se tivesse desistido do arco que carregava, teria uma grande chance, mas isso é outra história, e ele não vai desistir porque não sabe sobre a força que tem o amor.
Vou levá-la de volta a sua lagoa, você nunca vai esquecer o fundo do mar, e jamais poderá voltar ao grande buraco azul, seu mundo ainda está longe de entender que somos iguais com nomes diferentes, que crenças e culturas nascem em nós mesmos e se espalham pelo mundo, e que a importância de ser está relacionada a nossa luta por um mundo de igualdade.
Não podemos desistir de lutar, até conseguir desenvolver em cada pessoa a consciência da valorização humana. E mesmo que demore, mas quando esse dia chegar, os segredos guardados no fundo do mar, serão anunciados a todos os que lutaram pela paz. Mas antes de procurar nas águas, e no firmamento, primeiro procure dentro de você mesmo, e se não encontrar, procure novamente e entenderá o porquê.
A.L.Bezerra
27 de jan. de 2023
Contos e Encantos: As Formigas e o Louva deus
As Formigas e o Louva deus
Em um jardim um louva deus se alimentava tranquilo, de repente um pássaro o atacou. Pela sua habilidade perdeu apenas uma das asas, mas ficou inconsciente e as formigas cortadeiras o levaram para oferecer a rainha, não o cortaram, queriam oferecê-lo inteiro e mostrar o tamanho da generosidade. Ao recobrar os sentidos o pequeno inseto ficou imóvel, esperaria os próximos segundos para avaliar a possibilidade de fuga, mas sabia que seria quase impossível pela temperatura da terra estava a alguns metros abaixo do solo.
A rainha o observava tentando entender como ele foi capturado, e viu que lhe faltava uma asa. Bateu com as antenas no chão, e o formigueiro ficou a disposição. Não o comeremos, façam uma cama com folhas e tentem reanimá-lo. O louva ergueu-se, curvou a cabeça, e de mão postas reverenciou a rainha. Poupou a minha vida, e para demonstrar a minha gratidão, serei seu servo, sem jamais me escravizar. Algumas formigas questionaram: Poderíamos tê-lo retalhado, assim não teríamos perdido o nosso esforço.
A rainha bateu as antenas novamente e comentou: Quando acontece as primeiras chuvas e algumas de vocês voam, a maioria não volta. As maiores perdem as bolotas, que servem de iguarias para os gigantes do solo, os humanos. Um menino ainda inocente, pegou uma das nossas tanajuras e colocou dentro do formigueiro, e ela relatou o sofrimento tendo o corpo separado em duas partes. A comunidade desse animalzinho está procurando por ele, o levem de volta a superfície, com o tempo outra asa nascerá , e ele contará aos seus, que a natureza sobrevive de consciência.
Precisamos aprender com essa formiga rainha em garantir a preservação das espécies, a terra é generosa, e plantando faremos a nossa colheita. E a colheita precisa ao espírito em forma de gratidão, tanto a mãe terra, quanto aqueles que nela vivem. Plantar o amor para colher a paz, e jamais esquecer que somos todos passageiros da nave vida, não precisamos de confrontos para eliminar uns aos outros, e sim lutar por igualdade e dignidade, no dia certo todos vão para mundos diferentes, sem a necessidade de tirar dos outros a direito de viver.
A.L.Bezerra
9 de jan. de 2023
Contos e Encantos: A FAMÍLIA
8 de jan. de 2023
Contos e Encantos: UM LOUCO
7 de jan. de 2023
Contos e Encantos: SERES ESTRANHOS
2 de jan. de 2023
Contos e Encantos: Eu vi um Dragão
Eu vi um Dragão
Era domingo, dezenas de crianças se divertiam nas trilhas de um parque ecológico, o passeio tinha como principal objetivo mostrar a importância da interação com a natureza, floresta densa com exuberantes árvores centenários, parecia até humanos em terras de gigantes.
Um menino de cinco anos se aproximou do monitor do grupo e falou: Eu vi um dragão.
-Viu mesmo? As árvores aqui são tão altas que as sombras das copas assombram a gente, e ativam a nossa imaginação.
-É um dragão, tenho certeza, já vi eles em desenhos animados.
-Continue andando, e esqueça o assunto.
-Tá bom, começou a andar mais devagar e foi para outro grupo conduzido por uma professora. Andou rápido e quando chegou perto dela, segurou seu dedo mendinho e apertou, ela parou e perguntou o que ele queria.
-Lhe mostrar um dragão.
-Ela chamou a auxiliar e pediu que seguisse com as crianças, e disse ao menino: Me mostre, eu sou uma princesa a procura do meu dragão, riram, e o menino a levou até uma árvore gigante. O dragão estava ali a tanto tempo que as folhas tinha-o coberto o corpo inteiro. O pequeno levou o indicador até os lábios em forma de silêncio, e mostrou a ela uma enorme unha.
-Ela tremeu de medo, vamos sair devagarinho.
-Calma, eu posso falar com ele, e começou a retirar as folhas, e encorajando-a a participar. E lá estava ele, um enorme dragão cor de prata, e agarrando-se as suas escamas chegou até os olhos da criatura, que continuava dormindo. Não é normal, está doente ou encantando, dê um beijo nele, talvez acorde.
-Eu estava brincando, não sou uma princesa.
-Eu acredito que é, faça alguma coisa. Ela retirou da bolsa uma pequena lente de aumento e pediu para ele iluminar as pupilas do dragão. O menino estava sem pressa, e olhava a cada detalhe, aproximou a lente a uma das asas e viu um pequeno dardo cravado nela.
Com muito cuidado conseguiu retirar, fazendo com o animal acordasse. Abriu os olhos e girou a cabeça ficando frente a frente com a criança. Essa por sua vez limpou delicadamente os olhos dele até poder enxergar as pupilas cor de fogo.
O animal disse para que o menino fizesse um pedido, ele riu e disse: Ouvi três?
-Ouviu direito, um pedido.
-Se prepare: Eu peço para você queimar toda a farsa do mundo, talvez assim as pessoa possam minimizar a ingratidão e ter lealdade, se conseguir, muita gente irá chorar de vergonha, e terá a grande chance de recomeçar.
O dragão ergueu-se e soltou um grito aterrorizante estremecendo parte do planeta Terra parecendo algo apocalíptico, sons de choros e desesperos ecoaram no parque, e quando voava rumo ao sol, parou no ar e alertou: Seu pedido foi atendido, e mesmo que demore, meu grito chegará aos ouvidos dos insensatos.
Antônio Lopes Bezerra
Contos e Encantos: O Caçador de Espírito
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