No quintal, o pé de cajueiro com alguns galhos secos contrasta com o verde escuro das folhas. Comecei a retirar o que aparentemente não tinha mais importância, e ao passar a mão em um galho encontrei um pequeno casulo, o que chamamos naturalmente de borboleta encantada. Desisti de retirar os galhos e vi que a natureza é perfeita, e tudo tem um motivo de ser.
Passai a monitorar aquele casulo, e várias vezes ao dia observava a sua transformação, mas isso era pouco visível. Uma manhã depois de uma pequena chuva, misturando-se as folhas e o brilho das gotas sobre as mesmas destacava-se um colorido especial. Nasceu uma incrível borboleta amarela e preta.
Linda e surpreendente, não pela cor ou por ter saído de um pequeno casulo, mas o tamanho era aproximadamente oito vezes maior de que o seu abrigo. Como poderia ser, algo tão esquisito se transformar em algo tão belo e grandioso. Coisas na natureza, a borboleta e as suas transformação mostrando segredos que a ciência explica, e encantos que a humanidade ainda entendeu.
Nós somos uma borboleta de eterna transformação, mas infinitamente dependente e frágil no que se relaciona a vida. Ela nasceu sozinha e minutos depois já havia voado, ninguém lhe ensinou a voar, e muito menos lhe disse que rumo deveria tomar, e ela foi embora para sequenciar os mistérios da vida.
Não sabemos ao certo seu paradeiro, assim igual a nós com o nosso voo incerto. Poderíamos entender bem melhor o sentido da vida, a maioria de nós temos apoio antes, durante e depois de nascer, mas parecemos fracos e estamos quase sempre reclamando da vida.
A borbolete nasceu em uma manhã de inverno, havia chovido e as suas asas pareciam pesadas, tremiam e até o vento era pouco e desfavorável porque era frio, mas nada a deteve e bravamente voou e deixou uma linda mensagem de resignação, e essa força e muito mais a natureza nos dá, é hora de fazer valer esse presente.