26 de jan. de 2025

Um Ébrio no Hospital


 Um ébrio no hospital serve de alerta ao tratar outras pessoas com insignificância, eu estava em um hospital público acompanhando uma pessoa, minutos depois um senhor foi ao balcão de atendimento para fazer o cadastro, sentou-se nas cadeiras de espera e ficou impaciente. Se levantou e segurando o braço queixou-se de uma dor intensa, ficou em frentes as cadeiras doa que esperavam atendimento e começou a falar.

Aparentando estado de embriagues e um pouco desequilibrado olhava atentamente para todos, em uma das filas estavam duas senhoras e ele aproximando-se, sentou-se perto de uma delas. Possivelmente prevendo algum desconforto com assuntos que não lhe lhe interessasse, ela se apresentou; sou uma mulher de Deus. Ele a olhando fixamente balançou o dedo indicador duas vezes próximo a cabeça como se estivesse raciocinando, e comentou: mulher de Deus, como pode ele lhe deixar em um hospital com um atendimento assim tão lento? e sorriu.

Inclinou a cabeça, olhou para a mulher ao lado dela e perguntou; quem é ela?

-Minha irmã.

-Por que tem tanta raiva dela?

-Não tenho raiva, a amo.

-Interessante, a quase uma hora não fala com ela, mas falou comigo para dizer que era mulher de Deus. A outra com aparente sinais de distúrbios psicológicos, riu freneticamente. Algumas pessoas riram da situação, principalmente do ébrio.

Eu observava atentamente e senti o desprezo que tinham por ele por ser um ébrio. Entendi mais uma vez o porque de uma humanidade tão sofrida, ali existiam pacientes com dores e sequelas diferentes, mesmo assim ainda tinham forças para zombarem de alguém que também sofria. Quando será que sentiremos a dor do outro?

O ébrio com dor do braço, mas talvez a dor maior fosse causada pelo emocional, e só porque estava naquela aparência jamais poderia ser tratado como um ser insignificante. A mulher de Deus, o ébrio, eu, e os outros, todos pertencem ao mesmo universo que Deus criou, e se a gente lembrasse do que ele falou; AMAIVOS UNS AOS OUTROS. seria tudo diferente, talvez o ébrio quisesse falar apenas de suas dores, e ela possivelmente divulgar a própria fé, eu pensando como ele em estado de embriagues fez um comentário tão contundente.

A realidade é que independente de momentos ou lugares somos todos precipitados em nossos julgamentos, até mesmo em um ambiente crítico e doloroso no qual poderia servir de reflexão para a vida, mesmo assim somos pássaros cegos, e que ninguém tenha a ideia de culpar Deus, na maioria das vezes somos o resultado de nossas escolhas.


"O conhecimento é um farol na escuridão"


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