A inteligência do silêncio rege a mais absoluta presença do nosso controle emocional, e seu efeito é algo extraordinário, mas na maioria das ocasiões sua ausência é tão sentida que chega a ser cômico.
Eu mesmo já quebrei o silêncio com palavras inadequadas ao momento, e quando cheguei em casa me envergonhei, calado eu teria falado muito mais.
Fui a um velório, abracei um amigo que havia perdido a mãe, e perguntei, tudo bem? E ele disse, sim, coisas da vida. Quanta insensibilidade da minha pessoa, abraçar alguém que perdeu a mãe, e fazer uma pergunta desse tipo. E mais surpreendente ainda foi a reposta dele, naquele momento um abraço sem palavras, seria a presença da inteligência do silêncio.
Em uma visita hospitalar, na cama uma senhora contando as horas para se livrar da dor, a presença de parentes e amigos, e a certeza de que ela morrerá. Uns choram, outros comentam como fica a filhinha de seis anos, e alguém vai até a cama abraça aquela mãe nos momentos finais da vida, e diz: Calma, vai dar tudo certo.
É difícil de ouvir e acreditar no que ouviu, vai dar tudo certo por que vai morrer? Que tipo de consolo é esse? Bastava somente o afago e o silêncio. Imaginem só a situação, a mulher já havia se despedido do companheiro de tantos anos, tinha pedido para ele cuidar bem da filhinha, tinha dito para a mesma que ia viajar para um mundo invisível, mas continuava olhando para ela, e alguém chega e diz que vai dar tudo certo.
A nossa inteligência existe, somos seres dotados de um incrível potencial, no entanto desenvolver essa propriedade precisa de sacrifício, e não nos identificamos muito com essa palavra, e mesmo sabendo a essência da qual ela é possuidora, gostamos mesmo é do bem bom, esquecemos de que nada é para sempre.
É aconselhável usarmos as palavras se adequem aos momentos, ou permitir ao silêncio nos representar com a sua incomparável sabedoria, e termos a consciência da distância existente entre a ilusão e a realidade, e não alimentarmos com esperança que não existe, muitas pessoas não são leigas, e escutam por pura decência.
A.L.Bezerra
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