23 de dez. de 2014

Entre Espumas



O clarão da lua cheia beija as marés e o frio da lua mistura-se ao da brisa que lentamente invade a praia. As espumas trazidas pelas ondas, de mansinho tocam meu corpo, e me deixa sensível. A lembrança de você me deixa de certa forma sufocado, o cheiro da brisa me recorda o seu cabelo molhado, o barulho de pequenas ondas parece sua voz falando baixinho ao meu ouvido, não consigo mais disfarçar o quanto estou perdido, a sua profecia se cumpriu, e aqui estou; sozinho, e mergulhado em lembranças e saudades, e você aonde estará agora, essa pergunta sem resposta me deixa triste.

Distante vejo um farol com uma lanterna gigante iluminando o mar, girando sem parar até parece que também procura alguém, e eu penso que ele sorte de estar sozinho e nunca vai sentir saudade, segundos depois imagino que ele não é feliz, sofrendo com os açoites do vento, o frio das noites e a areia das dunas que batem sem parar.
Um casal de gaivotas param e ficam olhando para mim como se comentassem: Ele está perdido.
Por algum momento ouvi uma sereia cantar e meus olhos vagueiam a procurar, o que vi foi bem distante um jangadeiro em sua pequena jangada,então caí na realidade, as vezes temos alguém tão perto e procuramos olhar  tão distante, e só vemos miragem.
Mais uma noite isolado do mundo envolto em em plena tristeza, e a certeza de que não será nessa noite que eu vou lhe encontrar.

Vou para casa, e ao olhar pela minha janela parece que a lua me seguiu, mas ela não está só, uma estrela de luz azulada lhe faz companhia, sorte dela, pensei.
Sento-me na cama e ligo o rádio que começa a tocar caminito, um belo tango, a letra parece descrever meu momento, levanto-me e ensaio alguns passos, e descubro que estou dançando com a própria solidão. Não posso continuar, paro e começo a rir do meu momento de loucura, pego um copo com cerveja e bebo alguns goles, e entre lágrimas e espumas adormeço.

Na realidade nem precisava beber a cerveja, as minhas lágrimas seriam suficientes para que eu dormisse sob o longo efeito de tristeza, e quem sabe sonhar com um anjo que me fizesse pensar ao contrário, sofrer não é a preferência do universo, toda a humanidade precisa aprender a viver seus momentos, porque em todos eles a vida se faz presente. Possivelmente se existisse mais gratidão, seríamos mais felizes.

Antônio Lopes Bezerra

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