Contos e Encantos
25 de dez. de 2025
Contos e Encantos: Uma Estrada Colorida
Uma Estrada Colorida
Uma estrada colorida nasceu em meio a encontros familiares, daqueles em que todos falam ao mesmo tempo sobre assuntos diferentes, tentando colocar a vida em dia em poucos minutos. No meio da conversa, um menino insistia: pedia a um e a outro que lhe contassem uma história. Mas a resposta era sempre a mesma: “não sei contar histórias.”
Enquanto buscava alguém que lhe oferecesse algo além das vozes misturadas, ouviu-se uma batida na porta. Um adulto foi atender e encontrou um mendigo. O homem, com olhar sereno, disse: — Posso contar uma história para a criança, em troca de um simples pedaço de pão. Surpreso por perceber que o estranho conhecia o desejo do menino, o adulto abriu a porta e o convidou a entrar.
Sentou-se ao lado da criança, sorriu e iniciou: — Era uma vez, em terras muito distantes, um andarilho que vivia sozinho em uma casinha modesta. Todas as manhãs, ao nascer do sol, ele seguia por uma estrada de areia branca que levava a um pequeno povoado. Ao caminhar, retirava da cabeça um chapéu de palha já gasto pelo tempo e, com cuidado, recolhia pequenas pedras coloridas, colocando-as dentro do chapéu.
Ao retornar para casa, o andarilho separava cuidadosamente as pedrinhas conforme seus tamanhos e cores, alinhando-as junto à porta que dava acesso ao quintal. No dia seguinte, ao visitar o local, percebia que a maioria havia desaparecido. Ainda assim, mesmo cansado, persistia em sua missão de recolher novas pedras coloridas.
Certa noite, tomado pela curiosidade, resolveu vigiar as pedrinhas para desvendar o mistério de seu desaparecimento. À meia-noite, naquele instante mágico em que portais se abrem para mundos ocultos, surgiu uma idosa trazendo uma vassoura. Com movimentos lentos, começou a varrer as pedras em direção à estrada de areia branca.
O andarilho, em silêncio, a acompanhou por alguns instantes. Então, não resistindo, perguntou: — Quem é a senhora e por que mexe em minhas pedras?
— Eu sou a Fada do Tempo. Essas pedras, um dia, foram bem maiores e lhe pertenciam. Mas o senhor ignorou a passagem do tempo, e agora elas já não são suas.
— Na vida, o essencial é aprender a valorizar aquilo que o universo nos oferece, sobretudo os instantes de partilha em família. Ontem era véspera de Natal, e eu vi uma única família espalhada em vários lugares, talvez até planejando visitar um ente querido no próximo ano. Sem perceber, quebraram uma imensa pedra chamada “momento”. Outros Natais virão, é verdade, mas jamais serão iguais.
Todas essas pedras fazem parte de uma estrada colorida. Muitos caminharão por ela inúmeras vezes, mas, à medida que o caminho pode se encurtar e escurecer, torna-se essencial reconhecê-lo enquanto ainda é possível.
E há mais: nunca se deixe aprisionar pelas cortinas do tempo, pois escapar delas é quase impossível. Ame sobretudo aqueles que o amam, porque o universo não tolera a ingratidão.
Logo após pronunciar essas palavras, a fada desapareceu. O andarilho, então, prosseguiu recolhendo as pedrinhas da estrada colorida, na esperança de reconstruir a grande pedra do momento. Mas seu esforço seria em vão: o tempo já havia passado. Existiu, sim, aquele dia precioso e único, mas foi desperdiçado na aposta de que haveria sempre um amanhã, e depois na ilusão do “se”.
"O conhecimento é um farol na escuridão"
19 de dez. de 2025
Contos e Encantos: Mente Saudável
Mente Saudável
Mente saudável é essencial, mas a falta de equilíbrio emocional tem transformado o mundo em um cenário de crescentes distúrbios mentais. Muitos de nós dedicamos tempo às academias para fortalecer o corpo, esquecendo que ele é guiado pelo espírito. e negligenciamos nossa dimensão interior, a vida perde seu verdadeiro significado. Surge então a questão: seria possível educar o espírito? Essa é uma dúvida que acompanha muitas pessoas, que ainda questionam a realidade desse fenômeno.
Muitas pessoas procuram na religiosidade um caminho de alternativas, mas a espiritualidade vai além. Ela não se resume apenas à fé: exige também autoconhecimento e coragem para compreender e acolher as transformações que a vida constantemente nos impõe.
Nos últimos anos, a saúde mental tem se revelado um dos maiores desafios para os profissionais da área. O sofrimento é cada vez mais visível, e, infelizmente, algumas pessoas menos informadas acabam atribuindo tais comportamentos à maldade, esquecendo que uma mente adoecida não reage de forma lógica. Por isso, antes de criticar ou julgar, é fundamental agir com cautela e analisar com objetividade o grau de desequilíbrio emocional envolvido.
A saúde mental está condicionada a diversos fatores sociais, que abrangem desde aspectos culturais até, sobretudo, as condições socioeconômicas. Um princípio essencial é compreender que não precisamos viver em excesso: quando desejamos algo de forma desmedida, perdemos o equilíbrio e a percepção da realidade. Metas, sucesso e fama podem ser estímulos importantes, mas não devemos atropelar o tempo nem sacrificar a nós mesmos para conquistar todos os objetivos. O que realmente importa é agir com coerência e ter clareza sobre nossas prioridades.
Cuidar do corpo é fundamental, mas cuidar da mente é indispensável. É importante lembrar que o corpo se expressa, e precisamos desenvolver sensibilidade para ouvir o que ele nos revela. Também é essencial evitar ideias que caminhem na contramão do equilíbrio e compreender que aquilo que funciona bem para os outros nem sempre será adequado para você.
Temos o péssimo hábito de querer decidir pelos outros. Esse costume é desnecessário e ultrapassado, afinal, cada pessoa carrega sentimentos únicos, prazeres, dores, experiências. Por isso, busque orientação profissional quando necessário, mas não deixe de ouvir e educar o seu próprio espírito.
É possível, sim, transformar-se. Tenha convicção: um espírito adoecido jamais sustenta um corpo saudável. Invista na sua saúde mental, exercite o cérebro. Se conseguimos administrar o tempo para tantas tarefas, muitas vezes sem importância, também podemos reservar um momento para cuidar da nossa qualidade de vida.
"O conhecimento é um farol na escuridão"
27 de nov. de 2025
Contos e Encantos: O Arcano 16
O Arcano 16
O Arcano XVI, representado pela carta A Torre no Tarô, é frequentemente visto com receio devido ao seu poderoso simbolismo de rupturas, colapsos e transformações súbitas. Contudo, dentro do vasto universo das interpretações, essa carta não se limita ao caos: ela anuncia a oportunidade de reconstrução. A Torre nos lembra da importância de derrubar estruturas ultrapassadas, abandonar aquilo que já não serve e abrir espaço para o nascimento do novo.
A Torre, talvez evocando a antiga imagem da Torre de Babel, permanece como símbolo vivo e atuante do caos gerado pela soberba, pelo orgulho e pela ausência de sensibilidade diante da necessidade de reconstrução. O raio que fulmina a Torre, interrompendo seu avanço, surge como um poderoso alerta: ele nos convida a despertar para a capacidade de autoconhecimento, a voltar o olhar para dentro e eliminar tudo aquilo que já não tem utilidade. É o chamado para desapegar de um passado estagnado, sem noção de evolução, e abrir-se à coragem de realizar as mudanças necessárias.
A narrativa da Torre de Babel, conhecida como o “Portão de Deus”, embora para muitos estudiosos seja considerada apenas um mito, encontra-se registrada no capítulo 11 do Gênesis. Erguida na planície de Sinar, entre os rios Tigre e Eufrates, tratava-se de uma imponente construção: uma torre monumental de sete andares e cerca de noventa metros de altura. Seu propósito maior era ousado permitir que a humanidade alcançasse o céu e se tornasse suficientemente poderosa para não depender da divindade.
Segundo a narrativa, Deus percebeu uma arrogância desmedida entre os construtores. Como todos falavam a mesma língua, Ele decidiu criar diferentes idiomas, dificultando a comunicação entre eles. Dessa forma, tornou-se impossível dar continuidade a um projeto marcado pela soberba e pela busca de autoglorificação, ao mesmo tempo em que se reafirmava o desígnio divino de espalhar os povos pela terra.
O Arcano XVI representa o desmoronamento das estruturas conservadoras e já sem utilidade, convocando cada um de nós a erguer novas construções alinhadas às transformações do tempo. Ele nos inspira a desapegar do passado e a enfrentar a realidade com o propósito de reconstruir, porque isso se torna indispensável. Os desafios, nesse contexto, deixam de ser vistos como obstáculos e passam a ser reconhecidos como verdadeiras oportunidades de crescimento.
Esse misto de mudanças drásticas, destruição e reconstrução, adaptação, aprendizado e desafios marcou intensamente o cotidiano dos construtores da Torre de Babel. Eles precisaram se reinventar diante da diversidade de idiomas, explorar novas terras e erguer cidades. Nada para eles foi rotina ou repetição: fizeram o que era essencial lutar, acreditar e conquistar transformando cada obstáculo em oportunidade de superação.
Quanto a nós, não podemos ignorar o chamado do Arcano XVI: nossa torre pode ruir a qualquer instante, mas isso não representa o fim. Ao contrário, talvez seja justamente a necessidade de atravessar mudanças drásticas que nos permita compreender o que deixamos de realizar em nosso melhor potencial. Muitas de nossas ações tornaram-se obsoletas e ficamos presos no tempo. É preciso encarar a destruição como oportunidade de reconstrução, romper paradigmas e abrir caminhos de resistência. E, ainda que seja quase impossível eliminar o medo, podemos ao menos buscar a coragem necessária para iniciar nossa própria renovação.
"O conhecimento é um farol na escuridão"
25 de nov. de 2025
Contos e Encantos: A Fada do Arco-íris
A Fada do Arco-íris
A fada do arco-íris percorre o mundo diariamente. Em alguns momentos, se encanta com a alegria que floresce nos corações; em outros, se entristece com as dores que silenciosamente habitam os olhos de quem sofre.
Certa vez, uma jovem caminhava pela floresta. Ao chegar diante de uma cascata, parou. Observou a água cristalina despencar livremente entre as pedras e pensou: Que privilégio tem essa nascente… escondida na mata, livre de julgamentos, de amarras, de expectativas.
Suspirou. E eu, que tanto busco a felicidade nos olhos da minha alma gêmea, acabo sempre mergulhando fundo em corações rasos. Sorriu com melancolia e murmurou: Fada madrinha… será que você me esqueceu?
Ergueu o olhar para o alto, entrelaçando esperança com saudade. Lá, entre as copas das árvores, um arco-íris tímido despontava ao longe como um sussurro de resposta. Ela pensou; Certa vez, meu pai me disse que, ao passar sob um arco-íris, se fizermos um pedido com o coração aberto, ele será atendido. Hoje, ao ver aquele arco de cores tão distante no céu, pensei: Não preciso estar debaixo dele… posso pedir daqui mesmo. E assim, com a alma jovem e esperançosa, fiz um pedido silencioso, daqueles que só o coração sabe pronunciar.
De repente, em um galho próximo, pousou uma borboleta. A jovem a observou com atenção, os olhos fixos na delicadeza de suas asas coloridas. Será você? sussurrou, como quem fala com o mistério.
A borboleta brilhou por um instante e, envolta em luz, transformou-se diante dela. Uma fada surgiu, radiante, com vestes que refletiam todas as cores do arco-íris. Sim disse com voz suave. Sou a fada do arco-íris. Ouvi o seu pedido… mas antes de atendê-lo, quis vê-la com meus próprios olhos e conversar um pouco com você.
— Venha comigo disse a fada, estendendo a mão com delicadeza. Vamos voar para dentro do arco-íris. Há algo que preciso lhe mostrar. Não tenha medo.
A jovem segurou sua mão com firmeza e respondeu com serenidade: Não tenho medo. Meu pai me ensinou a acreditar no invisível… e sempre me encorajou a ser forte. E assim, envoltas em luz e esperança, elas se elevaram rumo às cores do céu.
Dentro do arco-íris, a fada conduziu a jovem a uma visão mágica. Veja disse ela, as diferenças que moldam sua jornada.
De um lado, surgiu um cenário luminoso: uma floresta viva, onde regatos cantavam entre pedras, pássaros voavam em liberdade e árvores frondosas se erguiam em harmonia. Bem próximo, um chalé acolhedor abrigava pessoas que a amavam de verdade, irradiando calor e sinceridade.
Do outro lado, porém, estendia-se um espaço sombrio: figuras de corações rasos caminhavam sobre pedras escorregadias, ladeadas por carcaças de animais, árvores mortas e espinhos cobertos de silêncio. Um mundo árido, marcado pela ausência de luz e pela dureza da indiferença.
— Essas pessoas retornaram à Terra em busca de aperfeiçoamento espiritual. Ainda não conseguem reconhecer a luz; para elas, mentir e enganar é tudo o que sabem. Mas voltarão tantas vezes quantas forem necessárias, e nós continuaremos a iluminá-las.
— Sabe por quê? disse a fada com ternura. Porque um dia você afirmou: “Eu já perdoei a todos.” E isso, minha querida, é luz.
Quando você voar, será tão alto que poderá enxergar aqueles que caminham sobre pedras escuras… e então guiá-los até lugares seguros, onde a esperança floresce. Agora voltaremos para a floresta disse a fada com ternura. Caminhe sorrindo até o chalé, onde aqueles que verdadeiramente a amam já a esperam. Um dia, virei buscá-la para uma jornada mais longa e duradoura. Mas lembre-se: o amor verdadeiro sempre encontrará você, em qualquer dimensão onde sua alma repousar.
"O conhecimento é um farol na escuridão"
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22 de nov. de 2025
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